OS DONS DO ESPÍRITO SANTO
14/04/2013 22:24OS DONS DO ESPÍRITO SANTO
Chamamos de dons às capacidades com as quais Deus reveste os seres humanos, inatas ou não.
Jesus Cristo “Sacerdote, Profeta e Rei”
CIC.783-786 e 901 a 913: Ao entrar no Povo de Deus pela fé e pelo batismo, recebemos a participação nas três funções(múnus) de Cristo, tornando-nos, como Ele, Sacerdote, Profeta e Rei (I Pd.2,9).
Múnus Sacerdotal: Consagrados a Cristo e ungidos pelo Espírito Santo, todas as nossas obras, descanso, provações pacientemente suportadas se tornam “hóstias espirituais”(sacrifícios), oferecidas ao Pai na mesma oferta de Jesus na celebração da Eucaristia “Por Cristo, com Cristo e em Cristo”.
Múnus Profético: Com o testemunho de vida e pelo anúncio da Palavra, participamos do múnus profético de Cristo.
Múnus Régio: Ser Rei é ser “Senhor” de si mesmo e não dos outros. A nossa participação no múnus Régio de Cristo nos torna livres, capazes de submeter e governar nosso próprio corpo e alma; é livre quem não se deixa aprisionar por uma escravidão culposa. O exercício do ministério régio age também no mundo, impregnando-o de valores morais e combatendo as estruturas de pecado.
Segundo a graça e os carismas recebidos do Senhor, o leigo coopera com os pastores nos serviços, para a edificação da Igreja.
(Os Dons Carismáticos são participação no Múnus Régio de Cristo que, por um poder extraordinário, “submete” a natureza ao seu domínio.
1Cor 12,1ss: “Sobre os dons Espirituais, irmãos, não quero que vocês fiquem na ignorância”.
CIC.797-801 e 2000-2005)
DOM: Graça concedida por Deus aos batizados.
GRAÇA: “A graça é, antes de tudo e principalmente, o dom do Espírito Santo que nos justifica e nos santifica. Mas a graça compreende igualmente os dons que o Espírito Santo nos concede para nos associar à sua obra, para nos tornar capazes de colaborar com a salvação dos outros e com o crescimento do corpo de Cristo, a Igreja. Existem as graças sacramentais, vinda dos sacramentos e as graças especiais, chamadas de “carismas”, às vezes de caráter extraordinário, como o dom dos milagres ou das línguas...se ordenam à graça santificante e têm como meta o bem comum da Igreja. Acham-se a serviço da caridade, que edifica a Igreja”.
Favor gratuito de Deus, permanente ou habitual ou ainda, graça santificante(ou deificante), são disposições permanentes para viver e agir conforme o chamado divino, tornando-nos agradáveis a Deus. São recebidas no batismo. Perdida pelo pecado mortal, é restituída pelo arrependimento e confissão sacramental.
Sendo de ordem sobrenatural, a graça escapa à nossa experiência e só pode ser conhecida pela fé”.
CARISMA: Graças especiais ou extraordinárias. São atuais e não permanentes, para a missão, isto é, para a edificação da Igreja, ao bem dos homens e às necessidades do mundo. Se autênticos, São uma maravilhosa riqueza de graça para a vitalidade apostólica e para a santidade de todo o corpo de Cristo. Cabe aos pastores seu discernimento afim de que cooperem para o bem comum.
Vamos distinguir entre os dons naturais, ordinários e extraordinários
Dons naturais (ou talentos):
São aptidões naturais(inatas) que o Espírito Santo dá a todo ser humano: voz boa para cantar, facilidade para a música, para a comunicação, para a liderança, para exercer profissões.
Embora sejam talentos naturais, se desenvolvem melhor com o esforço da pessoa e até podem obtê-lo quem não os tem naturalmente, mas exercita, se esforça por adquiri-lo.
Dons ordinários:
Ordinário é tudo aquilo que é comum: todos os batizados possuem.
Os dons ordinários são dons do Espírito Santo, dado a todo batizado para a sua santificação. São chamados “infusos” porque são infundidos no batismo e reforçados no Crisma, ou ainda, “graça santificante” “graça batismal”, “graça habitual ou “permanente”.São eles:
Sabedoria, entendimento, conselho, força, ciência, piedade e temor de Deus.
São sementes de santificação. Quem dá a semente é o Espírito Santo. O crescimento é obra conjunta do Espírito Santo e do batizado. Deus nos deu o campo: a vida; deu-nos a semente e a semeou nesse campo: o nosso coração(alma); dispõe a nosso favor a chuva (graça) para fecundá-la e fazê-la crescer.
A nossa parte é:
1°) querer esse crescimento
2°) trabalhar a terra do nosso coração removendo todo obstáculo, sujeira ou “erva daninha”(pecado)
3°) buscar a chuva da graça através de vida de oração pessoal e comunitária, através dos sacramentos.
Seus frutos são (Gal.5,22-23): Caridade, alegria (gozo/consolo), paz, paciência, benignidade(afabilidade), bondade, longanimidade, brandura(mansidão), fé, modéstia, continência (temperança/equilíbrio), castidade.
Para que servem os dons ordinários na vida da Igreja?
Os dons ordinários faz com que os membros de Cristo produzam frutos de santidade que é uma restauração em nós da verdadeira imagem e semelhança de Deus. Cristo-Cabeça da Igreja é Santo, e santo devem ser seus membros. Esses dons e frutos (Apoc.19,7-8) “adornam” a Esposa de Cristo e a prepara para encontrar-se com seu Esposo, na parusia (2ª.vinda de Cristo).
Particularmente isto acontece com cada batizado até seu encontro pessoal com Cristo que acontece no dia de sua morte.
Podemos dizer que os dons ordinários são destinados ao nosso bem pessoal, enquanto que os extraordinários são destinados ao bem do próximo(missão)
Percebemos que, tanto nos dons infusos como nos extraordinários aparecem os dons de sabedoria e ciência. Diz o CIC que os dons, todos, ordenam à santidade, ao bem da Igreja.
Sabedoria e Ciência, como dons infusos, são dados no batismo como sementes para nossa santificação, e crescerão com a nossa cooperação. São ordinários e permanentes.
Dom da Sabedoria
Sabedoria vem de sabor saborear as coisas que queremos entender. Para “saborear” um alimento, é preciso não engoli-lo rápido. Podemos tomar o exemplo dos animais ruminantes: após engolir os alimentos, eles os retornam à boca e mastigam de novo”. Para a obtenção da sabedoria é necessário sempre “mastigar de novo” tudo que vemos e ouvimos.
No livro de eclesiastes(cap.1,12-18) o autor mostra como adquiriu sabedoria: através de um “estudo atencioso” e de uma “sábia observação”: “Meu espírito estudou muito a sabedoria e a ciência e “apliquei” o meu espírito ao discernimento da sabedoria, da loucura e da tolice”.
Vemos que o autor acrescenta um outro dom: o discernimento. Embora não esteja listado entre os dons infusos, ele é parte integrante da sabedoria. Esse “discernimento” é um “entendimento” refinado e acertado nas coisas investigadas.
No mundo pagão, os filósofos “investigavam” a razão e a origem das coisas. Por isso o apóstolo Paulo escreve aos Romanos 1,18-32 que os homens não têm desculpas para não crerem, visto que Deus revelou-se com evidência através de suas obras criadas. Também aos pagãos Deus concede sabedoria(luz da razão) para que cheguem ao conhecimento da verdade.
A Sabedoria inspira o homem a agir corretamente, a falar inteligentemente em situações concretas da sua vida ou de sua comunidade, levando-o a decidir acertadamente e de acordo com a vontade de Deus, no dia a dia, no matrimônio, no trabalho, na educação dos filhos, nos relacionamentos com os irmãos e na sua vida cristã. É uma orientação de Deus sobre como viver cristãmente.
Ex. as parábolas de Jesus eram baseadas no cotidiano das pessoas, eram uma “analogia” que ele fazia entre aquilo que queria dizer e o fato contado.
Dom da Ciência
O dom da ciência “desvenda os mistérios de Deus” é um “olho espiritual” que vê além da realidade aparente.
I Cor.2,12-16 “Ora, nós não recebemos o espírito do mundo, mas sim o Espírito que vem de Deus, que nos dá a conhecer(ciência) as graças que Deus nos prodigalizou...”
Quanto à ciência, nenhum dos apóstolos igualou São Paulo: conheceu mistérios escondidos(IICor.12,1-3 – Gal.1,11-12), revelados a ele diretamente pelo Espírito Santo. Ensinamentos que não saíram da boca de Jesus, nem dos outros apóstolos e ensinou as comunidades através de suas muitas cartas.
Nos faz conhecer mais profundamente as realidades espirituais, dentro e fora de nós, o valor real das coisas, o projeto de Deus sobre o homem, os caminhos do crescimento espiritual, aumentando em nós o desejo de Deus (Fil.3,10 e 4,8).
Ef.3,17-19: “Que Cristo habite pela fé em vossos corações...a fim de que possais...compreender qual seja a largura, o comprimento, a altura e a profundidade ...da caridade de Cristo que desafia todo conhecimento...”
Esse dom “faz ver” o que é divino sob a aparência do que é material; descobre o significado teológico da criação, vendo nelas a verdade, a beleza, reflexos do Criador e de seu infinito amor.
Conseqüentemente esse conhecimento eleva a alma a Deus e traduz-se em louvor, canção, oração, e ação de graças, como acontece nos salmos "Os céus cantam a glória de Deus; e o firmamento proclama sua obra" (Salmo 18/19). Faz entender a grandeza de Deus e a pequenez das criaturas e o perigo que podem apresentar ao apegar-se a elas, preferindo-as, fazendo mau uso delas.
É esta a descoberta que impulsionou os santos para uma entrega total a Deus.
O dom do entendimento
Pelo pecado original nossa mente ficou obscurecida, por isso somos superficiais, pequenos na fé.
O dom do entendimento é também chamado "dom da inteligência" ou "dom do discernimento" (diferente do discernimento dos espíritos), nos dá uma compreensão profunda das verdades reveladas, isto é, das verdades “ensinadas”pela Igreja. “Entender” significa “tender para dentro”, com o sentido de buscar profundidade.
Por exemplo, entender Jesus vivo e real nas espécies eucarísticas do pão e do vinho, entender a profundidade da graça do batismo, da redenção, etc.
O dom do entendimento brota em nós amor, obediência à Igreja, aos pastores, porque sabe que eles são representantes de Deus para nos guiar. Faz-nos viver mais profundamente a nossa fé, sem desvios.
O dom do conselho
O dom do conselho é um “ouvido espiritual atento” à voz de Deus. É uma fidelidade às inspirações do Espírito Santo que a todo momento nos orienta, advertindo-nos contra o mal e o pecado e impulsionando-nos a fazer o bem. Também chamado "dom da prudência", Discerne o certo do errado, o bem do mal, levando-nos a agir segundo Deus, sem precipitações. Tira-nos da inconseqüência de nossos atos e leva-nos à vigilância: “O homem prudente percebe o mal e se põe a salvo, os imprudentes passam adiante e agüentam o peso” (Prov. 27,12). Faz-nos saber pronta e seguramente o que convém dizer e o que convém fazer nas diversas circunstâncias da vida. Faz-nos agir sem timidez ou incerteza, com toda confiança e a audácia dos santos.
Através do dom do conselho, Deus nos adverte do pecado iminente e nos aponta outro modo de agir. É aquela voz interior( ou um sentimento) que nos reprova quando estamos prestes a fazer algo desagradável aos olhos do Senhor. Se entendermos esta voz e mesmo assim desobedecemos, pecamos. Se for em matéria grave, haverá pecado grave (mortal); em matéria leve, pecado venial. Esta voz que nos fala no interior, é dada a todo ser humano, independente da fé. Segundo o ensinamento da Igreja, uma pessoa que desconhece Cristo e a sua Igreja pode ser salva, obedecendo essa voz que lhe fala no interior(reta razão) Rm.2,14-15 “
O dom da fortaleza
Também chamado "dom da coragem". Imprime em nossa alma um impulso que nos permite suportar as maiores dificuldades e tribulações, e realizar, se necessário, atos sobrenaturalmente heróicos no cotidiano da nossa vida.
Uma mãe que suporta o vício do álcool do marido ou do filho! Às vezes por 10, 20, 40 anos enfrenta aquela dor, aquele sofrimento, por amor a Deus, por doação e caridade. Essa mãe tem o dom da fortaleza, dom este que não é só para os mártires, os grandes confessores da fé. É para cada um de nós.
Cair na tentação é falta do dom do temor a Deus e da fortaleza. Santa Teresinha nos fala do "heroísmo do pequeno”. Coragem é resistência e não bravura; é paciência nas contrariedades do dia-a-dia, é saber perdoar e não revidar. É coragem de dizer não ao mal e sim ao bem, mesmo que isto implique em sofrimento.
O dom da Piedade
Piedade é ternura filial para com Deus nosso Pai, amor sobrenatural e santo ardor, e uma terna afeição para com as suas criaturas. Faz-nos ver no próximo um filho de Deus e irmão de Jesus Cristo; nos leva a devotar amor sincero para com todas as pessoas e todas as coisas criadas.
Deus nos trata com piedade, isto é, com “ternura” paterna. Dá-nos muito mais do que merecemos ou necessitamos. O dom da piedade nos faz justos, dando ao outro (a Deus e ao próximo) o que lhe pertence, porém, sem medidas. Nos torna “empáticos”, brotando em nós a compaixão, o sentir com o outro.
O dom do Temor de Deus
O temor de Deus é um dom do Espírito Santo que nos inclina ao respeito filial para com Deus. Um respeito perfeito e amoroso, que nos afasta do pecado por amor. O filho que ama o pai não quer ficar longe dele nem fazer algo que o possa magoar. É um temor nobre que brota do amor.
Compreende três atitudes principais:
1) O vivo sentimento da grandeza de Deus e extremo horror a tudo o que ofenda sua infinita majestade;
2) Uma viva contrição das menores faltas cometidas, por haverem ofendido a um Deus infinito e infinitamente bom. Disso nasce um desejo ardente e sincero de as reparar;
3) Um cuidado constante para evitar ocasiões de pecado.
DONS CARISMÁTICOS OU EXTRAORDINÁRIOS
Extraordinário é tudo aquilo que não é comum. Nem todo batizado possui dons extraordinários e mesmo os que possuem, não são de forma permanente.
O canto espiritual atrai a unção de Deus: I Sm.10,1.5-11 - II RS.3,15-16 - I Sm.16,23
(CIC.1506-1508): Os dons carismáticos são uma participação no ministério de Jesus. São capacidades dadas pelo Espírito Santo para auxílio à missão(CIC.913). Devem ser aceitos com humildade e exercidos na caridade (Atos 17,16-17). É um revestimento, uma “capacitação” momentânea, uma unção, um “poder” sobrenatural, vindo de Deus, de Cristo-Cabeça da Igreja, derramado sobre o batizado para uma missão específica, e para Deus volta assim que termina esta missão.
Observemos que SP chama de “manifestação” a esses dons. Manifestar quer dizer “tornar público”.
Para que? Para que nós possamos conhecer o Espírito Santo, pela sua “manifestação”, assim como conhecemos o vento pela sua “manifestação”.
Os carismas extraordinários “manifestam” o poder de Deus, sua presença no meio de nós (Lc.4,18-19 e Mt.11,2-5).
(CIC.707): São teofanias (manifestações de Deus), “evidências” do sobrenatural.
São listados em nove, segundo SP.
I Cor.12: “A manifestação do Espírito é dada a cada um para proveito comum (de todos).
A um o Espírito dá uma palavra de sabedoria; a outro, uma palavra de ciência segundo o mesmo Espírito; a outro, a fé, no mesmo Espírito; a outro, o dom das curas, nesse único Espírito; a outro, o operar milagres; a outro, a profecia; a outro o discernimento dos espíritos; a outro, o falar diversas línguas, e a outro ainda, o interpretar essas línguas.”
Desde a Antigüidade judaica, essa presença do Espírito de Deus, se manifestava nos homens, através de “dons extraordinários” que iam desde a clarividência profética (I Rs.18,20-39 e I Rs.22,28), aos arrebatamentos e êxtases(1Rs18,12, Daniel 14,32-38 e Ez 3, 12-14), aos poderes sobrenaturais(Is.38,7-8), às curas(II Rs.5,14), milagres(II Rs.4,16 e 6,6) e ressurreição de mortos(II Rs.4,32-36).
Isaías relacionou ao Espírito Santo, os dons prometidos ao Messias (cf. Is 11, 2), e Ezequiel, a transformação dos corações humanos (cf. Ez 36, 26ss).
A profecia de Joel: “Nos últimos tempos derramarei o Meu Espírito sobre toda a carne...é Deus quem fala!”(Joel 3,1-2) cumpre-se, cabalmente, em pentecostes, com o derramamento do Espírito Santo.
É a própria pessoa do Espírito Santo que é derramada e não somente uma unção momentânea como acontecia no Antigo Testamento. Foi descrito como um “fogo”, vindo pessoalmente sobre cada um, fazendo grande barulho como um fogo sobre chapa fria, usando a comparação de Raniero Cantalamessa, em seu livro “O canto do Espírito”.
Os que receberam esse derramamento tiveram transformações imediatas. Foram removidos os obstáculos do medo, da incapacidade, da ignorância e revestidos de força, entendimento, autoridade na pregação, intrepidez. Milagres e prodígios começaram a se manifestar através dos discípulos.
Segundo Cantalamessa, existem dois canais pelos quais o Espírito Santo sopra: Os sacramentos e os carismas. Pelos sacramentos seria a maneira ordinária. Pelos carismas a extraordinária. Os sacramentos são para todos, destinados ao bem particular de cada fiel, enquanto que os carismas extraordinários são dons particulares, destinado a edificação da Igreja, portanto são para a missão, para servir.
Os carismas extraordinários podem ser classificados em:
REVELAÇÃO: Manifestam a (onis)ciência de Deus, sua ação extraordinária no conhecimento da origem, causa e conseqüência de todas as coisas boas ou más, passadas, presentes ou futuras.
PODER: Manifestam a (oni)potência de Deus que submete a natureza por sua ação extraordinária.
EDIFICAÇÃO: Manifestam a (oni)presença de Deus, junto e no meio de seu povo que, por sua ação extraordinária, auxilia o seu povo neste mundo a fim de reconduzi-lo a Si.
REVELAÇÃO: (palavra de)CIÊNCIA/(palavra de)SABEDORIA/DISCERNIMENTO DOS ESPÍRITOS
Revelar é lançar luz sobre aquilo que está oculto no coração dos homens. Deus lança luz em nossos corações e mentes, a fim de que conheçamos aquilo que é necessário para direcionar uma oração ou instrução a uma pessoa ou à Igreja(Gal.1,11-12 e 2,2) Esta revelação pode se manifestar de diversos modos: por uma “percepção”, um “sentimento” ou um “conhecimento” interior, ou ainda, uma palavra, uma imagem na mente(visualização) ou até mesmo uma visão(olhos físicos/arrebatamento II Cor.12,2-4), ou em sonho (atos 16,9-10 e 27,23-24). Sabendo sempre que a nossa “ciência/profecia” é imperfeita (ICor.13,9).
Testemunho de Santo Irineu:
“Sabemos que, na Igreja, muitos irmãos têm carismas proféticos e, pela virtude do Espírito, falam todas as línguas, revelam ,para o bem de todos, os segredos dos homens e expõem os mistérios de Deus. O Apóstolo os chama de espirituais: não pelo desprezo e supressão da carne, mas pela participação do Espírito e nada mais do que por isso”.
Notamos também que São Paulo faz uma pequena diferenciação quando fala dos carismas extraordinários de sabedoria e ciência: “A um é dada uma “palavra” de sabedoria, a outro uma “palavra” de ciência.
São manifestações momentâneas e não permanentes.
Primeiro veremos alguns exemplos de aplicação desses dons:
Palavra de sabedoria:
A Palavra de sabedoria sempre vem precedida pela palavra de ciência. Enquanto que a palavra de ciência é um “diagnóstico”, um “conhecimento” da origem do problema, a palavra de sabedoria é a ação, podendo ser um direcionamento, uma instrução de como agir melhor naquela situação e segundo a vontade de Deus, tanto para quem ora quanto para quem recebe a oração.
É um auxílio momentâneo, que vem da sabedoria de Deus para uma necessidade específica.
Se estamos orando por alguém, uma Palavra de Sabedoria pode apontar um caminho ou uma decisão acertada. Quem precisa dela e a acolhe, fica feliz e cheio de paz e convicção.
A Palavra de sabedoria discerne e instrui como proceder em situações específicas:
“Naquele momento ser-vos-á inspirado o que haveis de dizer. Porque não sereis vós que falareis, mas é o Espírito do vosso Pai que falará em vós." (Mt 10,19-20; João 8,7e Atos 2,22-40)
Discernimento de Salomão: I Rs 3,16-28
Discernimento de Pedro: Atos 5,1-11
Discernimento de Gamaliel: Atos 5,38-40
Discernimento de Jesus: Lc.12,13-21 e 9,57-62 – Mt.19,16-21 e 9, 1-8
Discernimento de Paulo : Atos 26,28
Palavra de Ciência:
O carisma extraordinário da ciência “precede” o da sabedoria.
Enquanto que o dom da ciência é um “diagnóstico”, a sabedoria é um direcionamento, uma instrução de como agir melhor naquela situação e segundo a vontade de Deus, tanto para quem ora quanto para quem recebe a oração.
Ciência vem de conhecimento, algo que não poderíamos saber pelos meios humanos. Pela palavra de ciência foram interpretados sonhos(José do Egito, Daniel). Pela palavra de ciência Jesus conhecia a origem das doenças; os corações dos homens, suas intenções e ciladas.
Este dom é necessário para quem quer ajudar as pessoas em ministério de oração, pois ele desvenda o que está oculto na pessoa que recebe a oração, a fim de que seja liberta ou curada. É chamada “palavra” não no sentido literal do som que sai da boca, mas da revelação, do conhecimento que chega à nossa mente de várias maneiras, podendo ser mesmo através de uma palavra, de uma imagem na mente(visão) ou de um sentimento no coração de quem ora, ou ainda, de um sonho, a fim de trazer luz sobre o que está oculto ou ainda, dar um direcionamento para a missão (atos 16,9-10 e 27,23-24). O que recebe a “palavra de ciência” deve manifestá-la ao que recebe a oração, para receber deste a confirmação, ou prepará-lo para a cura ou a libertação que Deus quer operar. Pode acontecer isso após uma oração ou um canto em línguas.
(II cor.11,6)O apóstolo Paulo diz de si mesmo que não era de muita “eloqüência”, isto é, não tinha o dom de falar de forma que prendesse a atenção dos ouvintes(persuasão), mas quanto a “ciência” não acontecia o mesmo. Deduzimos então que ele não era um pregador muito famoso por causa da eloquência, mas por causa dos muitos milagres (sinais e prodígios) que acompanhavam as suas pregações(I Cor.2,4). Diziam dele:
II Cor.10,10 “Suas cartas, dizem, são imperativas e fortes, mas, quando está presente, a sua pessoa é fraca e a palavra desprezível”.
Alguns exemplos:
Cura do cego de nascença: João 8,1-3: Jesus “conheceu” a origem da cegueira: para manifestar a glória de Deus.
Traição de Judas: Mt.26,21-23: Jesus “conheceu” as intenções de Judas de traí-lo.
Negação de Pedro: Lc.22,31-32: Jesus “conheceu” as ciladas que Satanaz armara contra Pedro e intercedeu por ele.
Mt.26,30-34: Jesus “conheceu” a situação que o esperava e a negação de Pedro.
Visão de Pedro: Atos 10,9-48: Pedro “conheceu” os planos de Deus de que os pagãos também estavam “incluídos” em Seu projeto de salvação.
Cura do filho de um oficial:João 4,50: Ao pedir-lhe que Jesus curasse seu filho, o oficial ouviu: “vai! Teu filho está passando bem.”
Jesus e a Samaritana: João 4,1-26: Jesus “conheceu” (ciência) o interior daquela mulher, suas carências e necessidades e “aplicou” a palavra certa, uma palavra de sabedoria, que levou aquela mulher a tomar uma decisão: deixou seu balde e foi correndo dizer aos outros de Jesus.
A cura de um paralítico: Mt.9,1-7: Quando apresentaram o paralítico a Jesus, é evidente que queriam a cura física dele, mas Jesus “conheceu”(ciência) a origem da doença dele e disse uma palavra de sabedoria que levou aquele homem a uma cura interior: “Meu filho, coragem! Teus pecados te são perdoados”. E para a manifestação da glória de Deus, curou também fisicamente.
Três casos de vocação: (Lc.9,57-62): Jesus “conhecendo”(ciência) a intenção do coração, dá respostas sábias a cada um: ao primeiro: “olha, você sabe que eu não tenho nenhum conforto, nem um travesseiro pra dormir”; ao segundo: “desculpa esfarrapada! Deixa que os mortos(na fé-ironia) enterrem seus mortos”. Ao terceiro: “Quer voltar em casa para escapar: quem volta atrás não está apto (maduro) para o trabalho”.
Tributo a césar: (Mc.12,13-17: Jesus “conheceu” (ciência) a intenção do coração dos fariseus que era de armar-lhe um laço e disse sabiamente: “Daí a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”.
Os três amigos de Jó: Jó abriu seu coração e começou a falar de suas misérias. Seus três “amigos” começaram a humilhá-lo com ironias, aproveitando-se do momento de fraqueza dele. Mas Jó, pela palavra de ciência compreendeu a intenção deles e disse: “Sois mesmo gente muito hábil... vocês escarnecem daquele que invoca Deus para que ele lhe responda”. Por mais que esses supostos amigos parecessem estar querendo ajudá-lo, ele “percebeu” a intenção de seus corações.
Simão, o mago: (Atos 8,9-24): Pedro percebeu a intenção de Simão, mago convertido ao cristianismo, de usar o poder de Deus para proveito próprio, como fazia anteriormente com suas magias.
Diante desses poucos exemplos, podemos entender que a palavra de ciência é um dom de revelação, um conhecimento de um fato que está oculto aos olhos da carne e que pede uma ação, e a palavra de sabedoria, a sua aplicação para (nos casos acima) cura de alguém, física ou interior; para dar uma resposta sábia.
Orando por alguém, é possível que haja uma revelação por imagem na mente, ou uma “palavra” até mesmo sem sentido para quem ora, mas manifestando essa imagem ou palavra, a pessoa que recebe a oração poderá se lembrar de alguma situação da vida dela e isto certamente é a área que deve ser atingida pela oração.
Testemunho: 1) Uma vez me convidaram para orar por uma jovem anorexa. Iria com outra pessoa. No dia anterior, fiquei o dia todo pensando como deveria direcionar a oração. À noite tive um sonho: Eu estava no quarto da menina (eu não a conhecia), e vi um homem num canto do quarto, ele trajava terno preto e chapéu também preto. Eu perguntei pra menina quem era o homem e ela disse você não sabe? É o inimigo! Aí acabou o sonho. Quando fui, no outro dia, não tive dúvida sobre a oração: oração de libertação. Fizemos oração de libertação na casa, e por ela de cura e libertação de toda opressão. A menina voltou a comer de vagarinho, depois de uns dois meses começou a ganhar peso e sarou da anorexia. Então entendi esse sonho como uma “revelação”, um “conhecimento”, a “ciência” de um fato que eu não poderia saber por outro meio
2) Certa vez aconteceu-me, por aproximadamente dois meses, nas minhas orações matinais. Era apoderada de um sono tão grande que não conseguia rezar. Era só me por de joelhos que começava o sono. Parecia que entre mim e o chão havia uma força de atração. Eu tinha vontade de deitar, literalmente, no chão para dormir. Então encostava-me no sofá e dormia às vezes até por uma hora. No início eu achava que era cansaço, noite mal dormida, etc. Então tentava sanar ao que eu achava que era a causa, sem sucesso. Tomava café antes da oração, dormia mais cedo para acordar disposta. Nada resolvia. Então comecei achar que era espiritual e pedi ao Senhor, pela intercessão do Santo Padre Pio que me mostrasse o que havia. Na mesma noite tive um sonho: “Estava eu numa sala e sobre mim o teto começou a abaixar, eu tentava escapar e não conseguia, o teto ficou tão baixo que eu fiquei espremida e assim o sonho acabou”. Ao acordar entendi que eu estava sob opressão maligna. Fiz oração de libertação e não tive mais aquele sono pela manhã.
3) Certa ocasião, fiz uma rifa e a vendi com a ajuda de muitos irmãos, visto que necessitava do dinheiro para custear despesas de um trabalho de evangelização. Uma das minhas ajudantes nesse trabalho estava desempregada ha algum tempo e vez ou outra eu a ajudava com recursos próprios. Recebi o dinheiro proveniente da rifa; à noite tive um sonho: algumas pessoas estavam próximas a mim, inclusive aquela que estava desempregada. Alguém disse que eu deveria dar cento e oitenta reais, apontando para a desempregada. Quando acordei, pensei mesmo ser uma mensagem de Deus. O problema é que esse valor era quase a metade do total do dinheiro e eu ainda teria que separar uma parte para pagar o prêmio que naquele mesmo dia viriam buscar. Ponderei, criei coragem e fiz a doação. A pessoa me disse que era exatamente o valor que estava precisando para pagar uma conta. Mais tarde o ganhador veio buscar o valor do prêmio, mas não quis levá-lo, deixou-o como doação para a evangelização. Deus é maravilhoso!
Discernimento dos espíritos:
Discernimento é a habilidade conferida pelo Espírito Santo ao cristão para distinguir o real do aparente e a verdade da mentira, em nós e nos outros.
Auxiliados por esse dom, podemos emitir juízo sobre a natureza de nossos pensamentos, bem como as atitudes práticas, vendo se estas estão em conformidade com a vontade de Deus.
O discernimento dos espíritos nos livra de muitas ciladas do demônio.
Deut. 13.1-3: “Quando um profeta ou um visionário se levantar no meio de ti e te der um sinal ou prodígio, e suceder o tal sinal ou prodígio, de que te houver falado, e te disser: sigamos outros deuses, que não conheceste, e prestemos-lhe culto, não ouvirás as palavras desse profeta ou visionário , porquanto o Senhor, vosso Deus, vos prova, para saber se amais o Senhor, vosso Deus, com todo o vosso coração e com toda a vossa alma”.
Aparentemente, discernir entre o bem e o mal não é difícil. Em muitas situações, qualquer pessoa estaria habilitada a fazê-lo, visto que, o conhecimento do “bem e do mal” já foi inscrito em nossas mentes por Deus criador. Porém, existe o mal camuflado de bem. Jesus disse: “Cuidado com aqueles que se disfarçam de ovelhas, mas por dentro são lobos vorazes” e para discernir este, é necessário o auxílio do alto, manifestado através do dom do “discernimento dos espíritos”.
Este dom é também um “salva-guarda” dos outros dons. É ele que desvenda a origem deles. Tudo o que falamos em nome de Deus deve ser discernido e pode vir de diferentes origens:
Do Espírito Santo: quando vem ao encontro da verdadeira necessidade da pessoa ou da Igreja, trazendo a paz, a alegria, união, consolo, edificação, correção na caridade, sem se desviar da fé da Igreja.
Atos 11,5-18: Por uma visão, o Espírito Santo mostrou a Pedro os planos de Deus, de incluir os pagãos na salvação de Jesus.
Da carne: A nossa humanidade muitas vezes carente de afeto, reconhecimento, quer chamar atenção pra si mesma e se põe a falar em nome de Deus. É a vanglória.
Há ainda os que usam dos dons de Deus para lucro (simonia).
Simão, o mago: (Atos 8,9-24): Pedro percebeu a intenção de Simão, mago convertido ao cristianismo, de usar o poder de Deus para proveito próprio(lucro), como fazia anteriormente com suas magias.
Tumulto dos ourives: (Atos 19,25-27): A pregação de Paulo é repelida porque poderia levar à falência a indústria dos ídolos.
Do demônio: O diabo é o “pai da mentira”, o mestre do disfarce. Se ele se revelar como mal, qualquer pessoa o descobre. Porém quando ele se disfarça de “anjo de luz”(IICor.11,3-4.13-14), ou seja, com palavras bonitas, conquistadoras, iluminadas...Aí precisa-se do dom do discernimento dos espíritos.
Danieli Amorth, exorcista do vaticano, fala sobre suas experiências com possessões diabólicas e diz que o diabo se disfarça de muitos modos para não ser descoberto pelo exorcista, a fim de não ser expulso da pessoa que possui. Jesus exorcizou muitas pessoas que eram apresentadas a Ele com possessão diabólica e após Ele, seus apóstolos e discípulos também exorcizavam.
Alguns exemplos:
Mt.4,1-11: Jesus “discerniu” a tentação, confrontando-a com a Palavra de Deus.
Atos 19,11-12: Até lenços que Paulo tocava eram utilizados para curas e exorcismos.
Atos 16,16-18: Paulo demorou dias para discernir que era um espírito mal que falava pela boca de uma mulher, elogiando-os o tempo todo. Descobriu-se depois que era um espírito de Pitão (adivinho).
Atos 13,4-12: O diabo, usando um mago, tentava colocar obstáculos à conversão do procônsul, o qual Paulo tentava levar à fé em Jesus Cristo.
Como se manifesta o dom do discernimento dos espíritos?
Para discernir com eficácia a origem espiritual, é preciso viver na verdade, ser alguém que ama a verdade e a procura com todo o ser. É preciso um certo conhecimento das escrituras sagradas, afim de “confrontar” as palavras ditas ou sugeridas na mente com a Palavra de Deus.
Quanto ao modo de se manifestar, este dom pode também ter as mesmas características da palavra de ciência, acrescentando-se sua característica própria que é desvendar a origem espiritual da mensagem recebida, da própria pessoa ou de outro.
No caso de possessões, os exorcistas “testam” a pessoa supostamente possessa, a fim de que o diabo se revele, utilizando sacramentais, especialmente a água benta e orações(Exorcistas e psiquiatras de Danieli Amorth).
PODER (os dons de poder procedem da fé): FÉ, CURA, MILAGRES
Fé: Podemos classificar a fé de duas maneiras:
- Fé teologal: Crer nas verdades reveladas e ensinadas pela Igreja, necessárias à salvação.
Esta nos vem por ensino catequético, cultura religiosa familiar, etc. A fé teologal é fundamental para a salvação da alma: “Quem crê será salvo, quem não crê já está condenado” João 3,18
- Fé carismática: Aquela que nos vem por Dom de Deus, pedida através de oração, de uma busca
incessante de Deus. Esta vai além do intelecto, é um experimentar o Deus que se crê e, ao experimentá-lo, mais ainda se crê. Ela se destina a realizar as obras de Deus, a não temer diante do martírio, a mostrar que Jesus está vivo e é o mesmo de ontem de hoje e de sempre. É pela fé carismática que os santos viveram e foram além de si mesmos, foram “provados e achados dígnos”(Apoc.). É esta a fé que realiza milagres, que manifesta o poder de Deus entre os homens, que faz ressuscitar mortos, andar sobre as águas, curar doenças incuráveis, iniciar obras impossíveis para evangelizar.
É da fé carismática que procede o milagre. Esta fé trás um desassossego, não deixa parado a pessoa que a tem, mas dá vigor e impulso para realizar as obras de Deus. É uma fé confiante, uma certeza que espera a realização daquilo que se crê, porque acredita na fidelidade daquele que promete. É esta a fé que moveram os apóstolos, os mártires, os santos de todos os tempos, tanto do novo quanto do A.Testamento.
A fé não é algo estático e precisa crescer sempre. Podemos dizer que a fé teologal é a raiz, enquanto que a fé carismática é a árvore toda, com seu tronco, folhas e frutos saudáveis e abundantes.
Jesus disse: “Se tiveres fé do tamanho de um grão de mostarda, poderá dizer a esta montanha : levanta-te e atira-te ao mar e isso se fará” MT.21,21-22.
A fé carismática manifesta o poder de Deus que realiza o impossível. Tanto Jesus quanto seus fiéis seguidores realizaram coisas humanamente impossíveis. Curas extraordinárias, ressurreição de morto, andar sobre as águas, parar o vento, parar e retroceder o sol, etc. Devemos pedir ao Espírito Santo que aumente a nossa fé, a exemplo de Abraão, Moisés, Elias, Pedro, Paulo, São José, Padre Pio, etc. e sobretudo Nossa Senhora. Para aumentar a fé também se faz necessário “experimentar” Deus. É preciso arriscar-se num pedido confiante e, a cada resposta positiva de Deus, nossa fé aumentará.
Cura:
Quando Jesus enviava os discípulos em missão, ordenava-lhes que curasse os enfermos que encontrasse. Disse que “todo que crer e for batizado”(Mc.16) poderá fazê-lo. Portanto, todo batizado tem o dom das curas. Basta crer e orar, rogando ao Senhor. A resposta sempre vem da vontade de Deus. Às vezes Deus cura por etapas, às vezes numa única oração. Quando não cura, Deus dá forças para superar a doença e até outras graças superiores.
Chamamos de cura, a física, e a psicológica chamamos de libertação, que também é uma cura. Jesus ordenou aos seus discípulos que ao evangelizar, curassem os doentes, libertassem os presos (libertação psíquica), ressuscitassem os mortos, expulsassem os demônios.
A doença física, na maioria das vezes é uma somatização de problemas psicológicos, carências afetivas, falta de perdão, etc. Por isso é necessário antes de rezar pela cura física, se possível conversar com o enfermo e rezar pela cura interior.
Milagres:
“O milagre é filho da fé”. É impossível realizar milagres sem uma fé carismática, extraordinária. É preciso não duvidar.
O milagre manifesta o poder de Deus, a sua glória. Jesus disse: “Tudo que pedirdes ao Pai em Meu Nome, eu o farei, para que o Pai seja glorificado no filho” (João 14,13).
Para se obter o milagre é necessário ser movido a isso por um sentimento interior muito forte. Compaixão pela dor do outro, ira santa, desejo de ver Deus glorificado, salvação das almas, etc. Foi assim que aconteceu com Jesus: Compadeceu-se da viúva de Naim e ressuscitou-lhe o filho. Chorou no túmulo Lázaro e o ressuscitou, compadecendo-se dele e das irmãs Marta e Maria. Elias, consumido pelo zelo do Senhor (ira santa) fez descer fogo do céu no monte Carmelo, e fez chover após decretar três anos de seca.
Jesus disse que todos os que crerem e forem batizados poderão fazer milagres maiores do que ele fez (Mc.16 e João 14,12).
Milagres realizados por Jesus: andar sobre as águas, multiplicar os pães, curar paralíticos, cegos, ressuscitar mortos, etc..
EDIFICAÇÃO: PROFECIA, LINGUAS, INTERPRETAÇÃO DAS LINGUAS
Profecia:
A profecia é a voz de Deus que fala à assembléia ou diretamente ao homem para edificá-lo, consolá-lo, exortá-lo ou até mesmo anunciar um castigo como no caso do judeu Élimas que ficou cego pelo decreto de Paulo, porque tentava desviar o procônsul de abraçar a fé (atos 19,11-12). Outro ex. a profecia de Ágabo, profeta que anunciou a iminente prisão de Paulo (atos.21,11).
Profecias da Igreja nascente: Atos 13,1-3
Profecias de Jesus: Mt.24; 25,31-46 e 26,30-34 e Lc.19,41-44
São Paulo (I Cor.14,1-39) exorta-nos a “aspirarmos” aos dons espirituais, sobretudo ao dom de profecia.
“Aspirar” quer dizer “desejar”, estar aberto para receber este dom. Quanto ao dom da caridade ele nos exorta a “empenhar-nos” ou “esforçar-nos” (I Cor.14,29-33). Ant. Test.: I Sm.10,1.5-11 - II Rs.2,19-22
Falar em diversas línguas: (CIC.2003)
A oração em línguas não tem interpretação, pois é uma oração do Espírito Santo ao Pai, “são gemidos inefáveis” (Rm.8,27) . São Paulo exorta a que oremos em línguas (I Cor.14,15) mas também com o entendimento(nossa língua).
A fala em línguas é destinada à assembléia ou a alguém particularmente, com o fim de direção espiritual, por isso requer interpretação. Ela geralmente precede a profecia ou é a própria profecia, porém, se for profecia, requer interpretação (I cor;14,6-17). Quando é profecia a um particular, ela “manifesta os segredos do coração” (I Cor.14,26.39).
Interpretação das línguas:
Nem todos que falam, interpretam. Interpretar não é traduzir, é acolher uma inspiração após uma profecia em línguas e dizer o que Deus fala por ela (ICor.14,27-28)
OS SANTOS E OS DONS EXTRAORDINÁRIOS
Santo Antônio: Grande pregador. Bilocação, ressuscitou mortos, curou enfermos, multiplicou pães,etc
São Francisco: Levitação, êxtases. Falava com os animais, amansava animais ferozes, etc.
Santa Catarina de Sena: Êxtases. Falava com a Santíssima Trindade.
Santa Tereza D’Ávila: Êxtases, levitação. Visão do mundo espiritual.
São João Bosco(Dom Bosco): Sonhos e visões noturnas. Foi conduzido por seu anjo ao céu, inferno e purgatório.
São Pacômio: Tinha o dom das línguas, da profecia, da cura e dos milagres. Sob o poder do Espírito Santo, era capaz de falar línguas que nunca tinha aprendido (certa vez, depois de orar por três horas, passou a falar em Latim). Há relatos de ter falado a "língua dos anjos" (ele escreveu em uma linguagem "mística dos anjos" que nunca foi interpretada). Morreu no ano de 348.
"Santo Antão": Dons de cura, milagres e discernimento dos espíritos. Aos 20 anos distribuiu aos pobres toda a sua fortuna e foi entregar-se à oração e à penitência no deserto, onde sofreu rudes ataques do demônio.
Reuniu numerosos discípulos e foi chamado "Pai dos monges cristãos". Foi considerado santo em vida, capaz de realizar milagres. Levou muitos à conversão.
Santa Catarina de Alexandria: († Egito, 305): Dom da sabedoria. Era uma jovem de grande beleza. É uma das santas mais populares da História da Igreja, universalmente venerada. Defendeu o Cristianismo e demonstrou a falsidade dos cultos idolátricos. Por seu testemunho, muitos abraçaram a fé.
Sofreu o martírio, tendo o corpo dilacerado por rodas com lâminas cortantes e sendo decapitada.
São Patrício: séc. IV: Dom da profecia, visões e milagres. Por sua pregação, a Irlanda, anteriormente lar da idolatria, tornou-se a ilha dos santos.
Alcançou grande renome nos séculos IV e V. Tinha visões divinas que lhe mostravam a Irlanda como o país onde deveria ir semear a Fé. Eram tantos os milagres, bênçãos e fatos maravilhosos que acompanhavam o apostolado de São Patrício, que ele mesmo exclama em sua autobiografia: "De onde provêm essas maravilhas? Como os filhos de Hibérnia (Irlanda), que jamais haviam conhecido o verdadeiro Deus e adoravam ídolos impuros, tornaram-se um povo santo, uma geração de filhos de Deus? Os filhos e as filhas de reis solicitam a honra de serem monges ou de consagrar sua virgindade ao Senhor. E quantas virgens e viúvas que lutam contra todos os obstáculos humanos para permanecerem fiéis a seu esposo celeste! Eu não sei o número, mas Deus o sabe. Ele que dá a seus humildes servidores uma coragem heróica".
São Ludgero de Utrecht: Nasceu na Frísia em 743. Ouviu São Bonifácio pregar e decidiu entrar para a vida religiosa. Trabalhou em várias regiões como missionário. Combateu a idolatria e construiu muitos monastérios e igrejas. São Ludgero foi um grande pregador da Palavra de Deus e ainda era favorecido com o dom dos milagres, o dom da profecia e o dom da cura. Curou e converteu o cego pagão Berulef. Foi o primeiro Bispo de Munster.
Nossos contemporâneos: São Padre Pio, Santa Faustina.
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