IMAGENS SACRAS
29/12/2012 22:23IMAGENS: CIC. 2129 - 2132
Deus proíbe ou não fazer imagens?
O segundo concílio de Nicéia (ou 7º.ecumênico) entre as Igrejas Católicas Romana e oriental, em 787, versou principalmente sobre a terrível controvérsia dos iconoclastas, assim chamados por rejeitarem as imagens sagradas, alegando idolatria, sob os imperadores bizantinos Leão III e Constantino V, entre os anos 730 e 780 e mais uma vez sob Leão V de 814 a 843.
Este concílio derrotou os iconoclastas, afirmando solenemente a existência da tradição eclesiástica escrita e não escrita, manifestando o desejo de continuar intactas as tradições da igreja, inclusive no que se refere à pintura e confecção dos ícones, recordando as palavras de São Basílio que “a honra prestada ao ícone é dirigida ao protótipo”.
Segundo São Germano, patriarca de Constantinopla e intrépido defensor das imagens sagradas contra os iconoclastas, “ver representado o rosto humano do Filho de Deus – imagem do Deus invisível-(Col.1,15) – é ver o Verbo feito carne (Jô 1,14), e assim escreve o papa Adriano: “as sagradas imagens elevam o nosso espírito à contemplação do sagrado”.
O concílio reafirmou a distinção entre a verdadeira adoração (latria) devida somente a Deus e a prosternação de honra que é prestada aos santos de um modo geral (dulia), diferenciando em grau, da veneração de honra prestada a Maria (hiperdulia).
A veneração de imagens sagradas é antiqüíssima na igreja. Nos túmulos dos cristãos mortos na perseguição sempre se via a pintura de uma cruz ou uma imagem que mostrava a fé daquele que ali estava sepultado.
No sarcófago de Iunis Bassus, sob o altar da confissão da Basílica de São Pedro em Roma e com data de 359, estava esculpido Cristo glorioso sentado no trono, com os pés sobre o deus pagão do céu, Urano. Está ladeado pelos apóstolos Pedro e Paulo.
A Igreja venera os santos por seus feitos, sua fidelidade, seu amor a Deus, e os têm como exemplo a ser seguido.
As imagens são a forma mais fácil de guardar a memória dos santos. Nelas encontramos até mesmo parte de sua história, época em que viveu, virtudes que praticou e de alguns mártires conhecemos até os instrumentos de seu martírio. Em algumas imagens de Nossa Senhora podemos ler seus dogmas, conhecer algumas de suas aparições, títulos dados a ela em outras regiões, etc.
Por muito tempo, as imagens eram a única forma de “leitura”, já que o povo não sabia ler. Por exemplo, as imagens que formam o presépio davam conhecimento do nascimento de Jesus. São Francisco de Assis fez o primeiro presépio, porém com pessoas vivas, animais, etc. As imagens da via sacra dão conhecimento da via dolorosa de Jesus etc.
No Antigo testamento, Deus proíbe severamente a escultura de imagens para por no seu lugar:
Deut.6,4: “Ouve, ó Israel! O Senhor, nosso Deus, é o único Senhor.”
Ex.20,1-4: “...Não terás outros deuses diante de minha face. Não farás para ti escultura, nem figura alguma do que está em cima nos céus, ou embaixo, sobre a terra, ou nas águas, debaixo da terra. Não te prostarás diante delas nem lhes prestarás culto”...
Ex.20,23: “Não fareis deuses de prata, nem deuses de ouro para por ao meu lado”.
Como vimos, Deus proíbe fazer “deuses” de prata, de ouro, etc..
Comparemos agora, a seguinte ordem dada por Deus a Moisés, ao fazer a arca:
Ex.25,18.19.22: “Farás dois querubins de ouro e os farás de ouro batido, fixando-os de modo a formar uma só peça com as extremidades da tampa. Ali virei ter contigo, e é de cima da tampa, do meio dos querubins que estão sobre a arca da aliança, que te darei todas as minhas ordens para os israelitas”.
Como se explica duas ordens “aparentemente”contrárias, dadas pelo mesmo Deus? Confira: “não farás escultura do que está encima, nos céus...não fareis deuses de ouro para por ao meu lado....fareis dois querubins de ouro batido...ali virei ter contigo, e é do meio dos querubins que te darei minhas ordens...
Conclusão lógica: Deus não considera “deuses” as imagens sagradas dos anjos.
Então porque Deus disse: “Não farás escultura do que está encima, nos céus”, sabendo Ele que os anjos estão “nos céus”? A que então Ele se refere quando faz esta proibição?
- Lembremos que os povos pagãos eram adoradores dos astros. O sol, e toda a constelação do céu eram transformados em deuses à mercê de suas imaginações férteis, a astrologia era muito difundida entre os pagãos e o povo de Israel se corrompiam com essas crenças. O horóscopo é um exemplo. Até hoje muitas pessoas pensam que os astros tem influência em suas vidas.
Embora a enérgica e clara proibição de Deus, o povo de Israel foi levado por seus reis e chefes, incluindo os sacerdotes à prática da idolatria. A maioria dos reis de Israel e Judá, começando por Salomão, praticaram os cultos idolátricos dos pagãos. Sacrificaram suas crianças em honra de “moloc” ou “molec” divindade Cananéia ao qual os pagãos sacrificavam crianças. (rodapé bíblia Ave-Maria pág.162) - Curiosidade: a palavra “moleque” procede de “moloc ou molec”
Veja: Lev.18,21 e 20,1-5 - Ez.16,20-21
Confira:
Idolatria de Salomão e dos outros reis de Israel e Judá:
I Rs. 11,1-13 I Rs. 14,22-24 II Rs.21,1-7 e 23,4-15 Sof.1,4-5
Jer.8,1-2: “Naquele tempo - oráculo do Senhor - serão retirados de seus sepulcros os ossos dos reis de Judá, dos seus chefes e sacerdotes, dos seus profetas e habitantes de Jerusalém. E serão expostos ao sol, à lua e à multidão das estrelas que tanto amaram e serviram, e que seguiram, consultaram e adoraram”.
Jer.19,13: “As casas de Jerusalém e os palácios dos reis de Judá ficarão imundos como o solo de Tofet, casas sobre cujos tetos foi queimado o incenso às milícias dos céus e oferecidas libações a deuses estranhos”.
Jr.44,16-19: “O que nos dizes em nome do Senhor não o aceitamos. Cumpriremos, porém, todas as promessas que fizemos de queimar incenso à rainha do céu e de lhe oferecer libações...Então tínhamos pão em abundância...Ora depois que cessamos de queimar incenso à rainha do céu e de lhe oferecer libações, tudo nos falta e perecemos pela espada e pela fome...porventura era sem o consentimento de nossos maridos que ofertamos torta à sua efígie e lhe rendemos libações?”
Ez.8,16: “Levou-me então ao interior do templo. À entrada do santuário do Senhor, entre o vestíbulo e o altar, avistei cerca de vinte e cinco homens, que, de costas para o santuário do Senhor, com a face voltada para o oriente, se prosternavam diante do sol”.
A serpente de Bronze:
Um caso ainda mais intrigante, a “serpente” de bronze. O povo de Israel, murmurando contra Deus e contra Moisés, foi atingido pelas serpentes venenosas. Deus ouvindo a intercessão de Moisés, disse:
Num.21,8-9: “Faze para ti uma serpente ardente e mete-a sobre um poste. Todo o que for mordido, olhando para ela, será salvo. Moisés fez, pois, uma serpente de bronze, e fixou-a sobre um poste. Se alguém era mordido por uma serpente e olhava para a serpente de bronze, conservava a vida”.
Jesus cita esta passagem sem nenhuma recriminação e ainda faz uma comparação com ele mesmo:
Jô 3,14: “Como Moisés levantou a serpente no deserto, assim deve ser levantado o Filho do homem...”
Nem mesmo aquela serpente de bronze Deus a considerou como “deus”. Qual foi então a intenção de Deus, ao mandar Moisés fazê-la? Lembremos que Israel pecava constantemente diante do Senhor porque seus corações ainda estavam presos ao Egito e a serpente de bronze lembrava-lhes seus pecados e idolatrias aos deuses pagãos. Arrependiam-se e eram curados, ou “salvos”. Foi isso que Jesus quis dizer:
Jô 3,15: “para que todo homem que nele crer tenha a vida eterna”, isto é, seja “salvo”, curado do pecado, etc...
No templo de Jerusalém, havia figuras esculpidas de querubins, palmas, flores, leões e bois, sendo que foi o mesmo Deus que inspirou a sua construção.
Confira:
I Reis 6,23-35: “Fez no santuário dois querubins de pau de oliveira, que tinham dez côvados de altura. Cada uma das asas dos querubins tinha cinco côvados, o que fazia dez côvados da extremidade de uma asa à extremidade da outra. O segundo querubim tinha também dez côvados. Mandou esculpir em relevo em todas as paredes da casa, ao redor , no santuário como no templo, querubins, palmas e flores abertas”.
I Reis 7,29.36.44: “Nos painéis enquadrados de molduras, havia leões, bois e querubins”.
I Rs.8,6-7: “Os sacerdotes levaram a arca da aliança do Senhor para seu lugar, no santuário do templo, no Santo dos Santos, debaixo das asas dos querubins”.
No Novo testamento não se fala mais em idolatria referindo-se a imagens, embora ainda persista esta prática entre os pagãos:
Ef.5,5: “Porque sabei-o bem: nenhum dissoluto, ou impuro, ou avarento – verdadeiros idólatras! – terá herança no reino de Cristo e de Deus”.
Col. 3,5-6: “Mortificai, pois, os vossos membros no que tem de terreno: a devassidão, a impureza, as paixões, os maus desejos, a cobiça, que é uma idolatria. Dessas coisas provém a ira de Deus sobre os descrentes”.
Como entender a religiosidade popular de fazer procissão e ajoelhar-se perante oratório onde estão expostas imagens de santos e anjos?
Bases bíblicas:
Procissão: Quando Davi resgatou a arca da aliança que se encontrava nas mãos dos pagãos, fez uma grande festa, carregando a arca da aliança pelas ruas e sacrificando animais, dançando e soltando brados de júbilo ao som de instrumentos:
II Sam. 6,13-15
I Crôn. 15,26-28
Oratório: No deserto, Moisés levantou, seguindo a ordem de Deus, um tabernáculo que era uma espécie de templo móvel. A parte mais sagrada era chamada Santo dos Santos. Era ali que se encontrava a arca da aliança do Senhor. Era ali, diante da arca, que Moisés se prostrava para falar com Deus. Lembremos que Moisés não via a Deus, mas se prostrava diante da arca, sobre cuja tampa encontravam-se as imagens de dois anjos-querubins- porque Deus havia dito:
Ex.25,22 e 30,36: “É Dalí, de cima da arca, do meio dos querubins que darei todas as minhas ordens para os israelitas”.
I Crôn.29,20: Davi fez uma oração de louvor e no fim, o povo “inclinou-se prostrou-se diante do Senhor e diante do rei”
Josué 7,6: “Josué prostrou-se com a face por terra diante da arca do Senhor”
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